Dilma inaugura nesta quarta-feira a hidrelétrica de Estreito no
Maranhão
IMPERATRIZ (MA) — Após o apagão em áreas das regiões Sul, Sudeste e
Centro-Oeste e no Distrito Federal, no início deste mês, a presidente Dilma
Rousseff desembarca no Maranhão para inaugurar a usina hidrelétrica de
Estreito, a quinta maior da segunda fase do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC-2), com capacidade para abastecer uma cidade de 4 milhões de
habitantes. Nesta quarta-feira, entrará em operação a oitava e última turbina
da hidrelétrica, que pode produzir 1.087 megawatts.
No
empreendimento, que atinge dois municípios no Maranhão (Estreito e Carolina) e
dez no Tocantins, foram investidos R$ 5 bilhões, sendo que 60% desses total foi
financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A
hidrelétrica começou a sair do papel em dezembro de 2006, quando o Consórcio
Estreito Energia (Ceste) conseguiu a licença ambiental para iniciar a obra. Em
abril do ano passado, a primeira turbina entrou em operação.
— Em 2004 houve
uma mudança no sistema para não termos outro racionamento. A ideia é nunca mais
termos racionamento, porque os prejuízos são muitos — disse Domingos Andreatta,
diretor do Departamento de Monitoramento do Setor Elétrico do Ministério de
Minas e Energia, questionado sobre o apagão do início deste mês.
Na construção da
usina, segundo o Ceste, foram gerados 36 mil empregos diretos e indiretos na
região. Cerca de 600 milhões foram aplicados em ações socioambientais e
benefícios aos 12 municípios atingidos pela hidrelétrica. Segundo o
diretor-presidente do Ceste, Carlos Castanho Júnior, cerca de 2 mil famílias de
ribeirinhos foram removidas e indenizadas, outras 200 estão em processo de
negociação para remanejamento e os pescadores estão sendo assistidos, numa
parceria com o Ministério da Pesca, para organização da produção em
cooperativas.
— Além de gerar
energia, a usina de Estreito é um vetor de desenvolvimento e inclusão social e
econômica para a região. É um grande orgulho para nós termos na inauguração a
presidente Dilma, a mãe do PAC e que era ministro quando iniciamos o processo
para construção da usina — disse Castanho.
A deputada
estadual Valéria Macedo (PDT) reconhece a importância do empreendimento para a
geração de energias, mas destaca problemas para as duas cidades maranhenses
atingidas pela hidrelétrica. Segundo ela, a hidrelétrica teve impacto sobre a
já precária infraestrutura urbana e de transporte de Estreito e Carolina.
— É um
empreendimento importante para o Brasil, mas para Estreito e Carolina foi um
desastre — disse a deputada.
A deputada
afirmou ainda que as medidas ambientais foram paliativas: houve mortandade de
peixes e a fauna e a flora do lago não foram removidas. Segundo Valéria, as
indenizações pagas são baixas, o número de famílias atingidas é maior e o apoio
aos pescadores não é o prometido pelo consórcio.
— Há muita
insatisfação na área. Os aspectos sociais e ambientais ficaram muito aquém do
prometido — disse a deputada.
O consórcio diz
que na região da usina, na divisa dos estados do Maranhão e do Tocantins,
construiu escolas, sedes para as polícias militar e civil, asilos e creches,
além de ampliar postos de saúdes e reformar hospitais. Também doou ambulâncias,
ônibus escolares e tratores para as prefeituras da região. Durante a construção
da usina, foram desenvolvidos 39 programas socioambientais.
Segundo Castanho,
a mortandade de peixes ocorreu quando a primeira turbina foi ligada. O fato foi
informado ao Ministério do Meio Ambiente e não ocorreu quando as outras
turbinas entraram em funcionamento.
— É impossível
fazer todos os testes sem impacto, pois estamos colocando um novo agente. É
inexorável. Não conheço nenhuma hidrelétrica que não tenha problemas. Agora
estamos acionando a oitava turbina e não tivemos mais mortandade — disse.
Na comitiva da
presidente estarão os ministros Edison Lobão (Minas e Energia), Gastão Vieira
(Turismo) e Helena Chagas (Comunicação Social), além do governador do
Tocantins, Siqueira Campos, e o governador em exercício do Maranhão, Washington
Luiz de Oliveira.
Para a cerimônia de inauguração, quando será
acionada a última das oito turbinas da hidrelétrica, são esperadas outras
autoridades do Governo Federal e dos governos maranhense e tocantinense, além
de prefeitos da Região Tocantina e do Bico do Papagaio, lideranças
empresariais, políticas e comunitárias.
A obra foi executada pelo Consórcio Estreito
Energia (Ceste), sendo formado por quatros grandes empresas: GDF Suez-Tractebel
Energia (40,7%), Vale (30%), Alcoa (25,49%) e Intercement (4,44%).
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